12/21/2010

Reflexão contígua



Quando vejo na minha escrita uma ode ao contrário à mais que querida cidade de Ulisses, prevejo um abandono futuro da mesma. Para bem de ambas.
Prevejo que sejas trocada por um falante francês ou inglês. Ou quem sabe, Bora-Bora.

12/20/2010




Já me sinto melhor.


Pela altura do Natal, cortam-se as vazas.

E deixam-me assim, completamente vazia, arreada de sentido e com esta merda aos pés. Logo agora que já não sei ou não consigo escrever. É o que dá só ler em estrangeiro. Há-de levar-me longe esta mania lá de fora.

Não quero trabalhar, não quero comer, não quero sequer sentir a porcaria do teu cheiro. Quero continuar na miséria comum em que estava antes de me deparar com isto. Assenta em breve, sim, mas vou queixar-me antes. E muito, que isto dá sempre boa escrita, além de tornar o exorcismo mais eficaz.

Reciprocidade.
Zero. Zero de vivência comum que não seja comparticipada. Zero em semelhanças de carácter e/ou vivências (a não ser numa adolescência breve e tardia). Zero direcções futuras. Nem um pequeno almoço em comum.
Algo que motive a continuação destes serões mal encarados? Muito pouco a nada.

Mais,
Continuo a não trabalhar e apetece-me partir todos os ossos do teu corpo para depois entregá-los aos gatos da Madragoa. Mentira.

Cidade maldita, atrasada mental.


10/10/2010

Deste queixume congénito *






Quantas de mim serão precisas para me arrancar do chão? Provavelmente nenhuma. O chão é que está muito mal parado. Eu já cá andava, na horizontal.

Desde aquela última vez, continuo a falar demais, a pouco fazer e a ter as pernas pesadas. As varizes, que desenvolvi no tempo do windsurf, apenas agravam.

Numa boca cheia de maldicências, um copo de vinho, uma cerveja, um digestivo/aperitivo, tornam muitos dias, mais interessantes.

O amor está lá. A vontade também, mas quero muito ir embora, e que ele venha atrás, claro.

Viciada em adrenalina, ambientes pressurizados e imagens em movimento, dificilmente fico satisfeita com o cenário actual.


* viagens diárias com demasiados minutos no autocarro 748 - destino Miraflores - a braços com uma humidade cavernosa, fazem muito por mim e este humor de cão.



8/09/2010

Olha,

fui de férias, mas primeiro tive que trabalhar. Mas o trabalho não acabou realmente, e eu que decidi entrar de férias na quinta — de facto (porque não tenho acordos com ninguém) — só saí de Lisboa no sábado. Ora segunda, já depois daquela quinta sem férias e do fim de semana de hotel em troca de trabalho, ainda estava a trabalhar. Até à uma da tarde, quase.

Com a paz arrancada do SPA de domingo (3 horas de água quente, morna e muitas vezes fria) decidimos agarrar a missão praia, com unhas e dentes. Passámos na Vieira — coisa horrível, pobre, populosa e a cheirar mal — só para eu poder apreciar portugal. De seguida, aviámos caminho do pinhal até a praia do samouco (tanta piada triste feita com as gentes moucas). Adiante, perde-se a chave no carro para depressa nos apercebemos que estava apenas repousada ao lado do volante, gritos e stress casual. Descanso. Vieram muitas famílias. Vieram, vieira. Afinal ninguém vai para o paraíso com este feitio. Mas foi bonito e depois do momento de repouso decidimos que a seguir viria o Alentejo. Dormitar a meia estrada e continuar caminho pela manhã fresca.

Grândola, que terra in! Entre o belo repasto num hotel e camarotes ao lado da estação de comboio, foi o segundo. Eram menos 30 euros meus meninos. De manhã, levantar dinheiro para comer e pagar dividendos. Apercebemo-nos que um tal edificio fuscia ostentava um crono da Bienal de Portugal que ninguém sabe de onde veio nem para onde foi (eu pelo menos não, nem a Maria). Afinal é in só até Setembro, p'raí. Tiramos fotografias do in, imensas.

Pequeno almoço e recebo um telefonema (já é terça, dia de continuar viagem), afinal há um trabalho urgente para enviar a um cliente, pensavam que eu lá estava esta semana mas afinal não estou. Entro na junta de freguesia que tem um sinal wi-fi na porta. Peço passwords a uma senhora que me põe ao telefone com a responsável pelo departamento de informática. Recebo uma fotocópia com todas as passwords da freguesia. Biblioteca Municipal, viva. Quatro horas depois, ainda viva. Uma hora e meia para enviar 4 pdfs. Respiro.

A caminho do carro tento reafirmar o lado bom das férias, agora até quinta podemos descansar de verdade. Arrancamos, o carro está com um som muito estranho, não estava assim de manhã. Pois não? Não. Paramos 20 metros à frente. Há um mecânico que foi experimentar um carro e que uma hora depois, chega. Deve ser das válvulas diz o entendido. Um telefonema ao mecânico oficial do polo em questão há mais de 5 anos, que reclama que o alentejano não percebe nada. Venham para Lisboa. Devagarinho. Ok, vamos.

Se formos em quinta e quarta não está mal, quando se reduz é que faz barulho, ele disse que mau seria fazer ruído quando acelerasse. Ok. Chegamos a Lisboa e cheira a queimado. As mudanças estão muito duras e começa a ser difícil o pára-arranca dos semáforos entre o Largo do Rato e a Rua da Esperança. Essa, ainda estava lá. Continua a cheirar a queimado. Lugar encontrado, o carro cheira mal, e está quente.

Amanhã, chamamos o reboque.





5/30/2010

O monólogo da boa educação:


Que tipo de respostas saem da troca de perspectivas com um penedo?
Que sentido dão à vida? Vale a pena a discussão acelerada?
Voto pela diplomacia, um penedo também é gente. Tratá-lo-ei como tal.


3/22/2010

recent work:







p.s.: o que aprendi, li nos livros.


3/21/2010

pior que terrível


Falo de uma maneira quase que engonhada quando sigo estes pensamentos disformes e no entanto não me calo. Devo ser, dos seres humanos que conheço, o que mais capacidade tem de aborrecer multidões. Ataco preferencialmente gentes acabadas de conhecer, sobre as quais nada sei e que pelos visto não quero saber. Ponho-me na boca de qualquer lobo e descoso-me sem perceber sequer se merece o esforço de raciocínios tão complexos. Há vezes que devia desatar por aí à porrada, e em vez de usar a língua para espalhar o parvoeira, utilizava os punhos. Quem sabe se assim subia na popularidade. E quando falassem de mim, não se referiam mais àquela chata, mas àquela cujos punhos causavam o terror à velocidade da luz, o espanto, o medo e o respeito da mole lisboeta. Estou muito farta desta cidade. Ainda hoje fui ao inferno das esplanadas à beira rio e além de passar por motins execráveis de pessoas com sobrenome tia, dei por mim a ser assaltada por um terrível mau humor. Pior só quando descobri que lá deixei um belo casaco de malha que me terá custado para lá de 30 euros. Telefonei, e sem fé na falta de escrúpulos que me atendeu, perguntei: Encontraram? Claro que que quando desliguei disse à Maria, Nunca mais lá volto!


3/18/2010

after so long