5/16/2013

se eu pudesse parava o tempo no infinito


acabou-se, foi-se, finou-se,
apagou-se em absoluto.

como a senhora em odeceixe que já não se lembrará do nosso almoço no terraço, a primeira tarde e a primeira paragem a sós. como as pessoas que se cruzaram na viagem mais louca das nossas vidas. como aquele dia fatídico em Santiago, que talvez, quem sabe, tenha ditado o fim do início. como a semana de são paulo que passaste sozinho, comigo a trabalhar para nada nem ninguém. como o meu medo de abraçar-te, de repente tão perto. como o homem que nos fotografou na ilha grande, onde chegámos zangados e saímos apaixonados. como a nossa primeira e única casa. como decorá-la, discuti-la, destruí-la. como os únicos gritos que terás dado a alguém daquela forma. como a geografia cortada em dois, nunca mais remendada.
porque não terminou tudo aí? porque se arrastaram as asas partidas quando estava já tudo moribundo? porque fomos como quaisquer outros e acreditámos que na insistência está a virtude? não consigo lidar nem alimentar a mágoa umbilical do fim. não quero saber que uma vez mais, nada funcionou porque andámos todos cegos de um amor em crise.