6/22/2013

amabilidades

a hipocrisia mata
na forma fundamental
e sorrateira
de um gesto
velhaco

5/16/2013

se eu pudesse parava o tempo no infinito


acabou-se, foi-se, finou-se,
apagou-se em absoluto.

como a senhora em odeceixe que já não se lembrará do nosso almoço no terraço, a primeira tarde e a primeira paragem a sós. como as pessoas que se cruzaram na viagem mais louca das nossas vidas. como aquele dia fatídico em Santiago, que talvez, quem sabe, tenha ditado o fim do início. como a semana de são paulo que passaste sozinho, comigo a trabalhar para nada nem ninguém. como o meu medo de abraçar-te, de repente tão perto. como o homem que nos fotografou na ilha grande, onde chegámos zangados e saímos apaixonados. como a nossa primeira e única casa. como decorá-la, discuti-la, destruí-la. como os únicos gritos que terás dado a alguém daquela forma. como a geografia cortada em dois, nunca mais remendada.
porque não terminou tudo aí? porque se arrastaram as asas partidas quando estava já tudo moribundo? porque fomos como quaisquer outros e acreditámos que na insistência está a virtude? não consigo lidar nem alimentar a mágoa umbilical do fim. não quero saber que uma vez mais, nada funcionou porque andámos todos cegos de um amor em crise.


1/21/2013


1/11/2013

resolução

r       e              l                     a                            x                                   a                                                 r

janeiro visto de cima



















Ainda não consegui, com mãos, cobras e lagartos agarrar-me de volta a este local e às pessoas que por cá andam. Fiquei no limbo entre minha falta de paciência e um passeio demasiado extenso.

12/08/2012

não dá para ir a tudo

ou hoje não posso sair à noite


O meu cérebro quando pensa, pára. é o desuso, claro.
Desabituado que está de ter tantas letras em orgias pensantes.
Ai, ui, baudellaire, barthes, augé mau, e nem sei.
Que é feito do descanso comercial habitual totalmente banal?
Com o fios desligados toda a realidade vive simples.

Talvez tenha encontrado a razão dos meus males soluçantes. Quero pensar sem corpo. A razão, infelizmente, não cheira a solução. Damn it.

















não me lembro de onde veio esta fotografia, mas está muito bem.

11/12/2012

Dá p'ra matar gente com mau palavreado?

Dá p'ra limpar este gosto a limão na língua
ou tenho que casar em comunhão de bens
com a puta da decepção?

Dá pra disparar tudo aquilo que tenho aqui entalado
entre o peito e a língua
ou espero até a próxima cirurgia?

Dá para exorcizar a dor estúpida que me incomoda
os olhos e as mãos
ou planto um cancro na garganta?

detesto a política do bem estar
do bem falar
e do bem ser.
odeio a hipocrisia civilizada
com que se dominam os selvagens
e detesto esta ideia que quem sabe
é um bem educado
filho da mãe.

10/21/2012

a tristeza é absoluta

e as saudades são de tudo.

talvez seja este o problema de uma infância inventada esquizofrénica.
o malfadado maltrato congénito que afasta tudo e todos.

estar apaixonado

é assim
que
digamos
uma parvoíce
qualquer

aqui ali e acolá

estou com calor. estou irritada. estou média. estou menos. estou com sono. estou com frio. estou hiper. estou cheia. estou sem nada. estou empregada. estou entalada. estou sem dinheiro. estou-me nas tintas. estou em jejum. estou enfartada. estou enfadada. estou enfiada. estou farta. estou a caminho. estou sem tino. estou acabada. estou p'ra lá. estou a mil. estou a zeros. estou à rasca. estou à vista. estou política. estou vazia. estou aqui. estou ali. estou anti. estou cansada. estou viva. quase morta. um dia desses.