9/10/2007

Nao é amor. [historias do limbo I]

A memória falha-me todos os dias, e em espaços
cada vez mais curtos.


A falta de tanto com que nos brindam na chegada à terra natal não custa a acreditar, aguarda-se. A esperança aqui não reina, sabe-se que esta história não mais se desenvolve em terreno gradual. Ocorre o esperado declínio no momento de correr a porta do avião do Eusébio e nas narinas entra o bafo da preguiça quente e forçada (a gosto).
A já ter efectuado a peripécia (de uma a três vezes no ano) decido desta feita, instalar-me por tempo alargado. Dando o braço, já torcido, à velha ligação saudosismo/sadismo.

Sejamos práticos, eu detesto calor.

Quando é feita a conversão ao chá e construída uma biblioteca em terreno virtual (para nao pesar nas viagens) estamos instalados onde nos der na real gana. E na situção descrita, não se abandona navio qual rato. Ratazana.
Deixei Londres a semana passada.
Com a fuga contínua à harmonia, tal como a vivência em constante desagrado, nasce um patrocinador insatisfeito. Porque raio não sabes tu o que fazer da vida?

Mas há que ser explicado, que o conforto sempre foi rei.

Com a insignificância dos anos pouco maduros e os calos ainda moles, existe algum prazer na partilha pouca do pouco que nos apetece, e em ouvir o muitíssimo de outrem.
Sem desgaste não há vontade, ama-se o comodismo. "No meu tempo não era assim". Hoje, é necessário cansar o corpo.
A nota da ultima ida ao supermercado espera ser sempre reciclada, não vá este pouco que ainda somos cair no nada e surgir a estupidez, própria das barbas ralas da idade. Deve no entanto, o que ainda é novo, pedir sempre mais, à semelhança de todas essas carcaças falantes em tempos idos.

Pois de momento, tudo deverá ser motivo de fascínio.



Anotado o presente, andamos já não tão para o lado.
E descobre-se, novamente, que o espaço inútil entre dois caracteres
é demasiado tempo morto.

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