5/21/2005

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Um homem quis renegar às funções de homem, o próprio. Tornar-se um homem sem nada de ninguém, sem si de mesmo. Tornar-se um, sem o. Indeterminante. Senti-me na obrigação de aconselhar.
Não porque nada pode ser assim. Nada sera assim. Hoje ou ontem e ainda amanhã.
Porque este homem me faz sonhar e diz que o inspiro. Porque me faz lembrar os poemas que escrevi acerca de questões lunares paisagísticas, sóbrios sem fim, enfim lunáticos.
O homem da fotografia não se renega jamais, explico. Não haverão mais casamentos documentados, baptizados ou primeiras comunhões, festivais de música ou festas de escola, parabéns porque nasceu ou adeus porque morreu. E que não venha a conversa do filme, simplesmente porque não. O fotógrafo não morre nunca.
E quem ouviria de mim, a falar que amo um homem que não existe? E que ainda assim durmo a sentir saudades de um cheiro que não cheirei? A falar de viagens curtas frustradas, internacionalizações, legalizações, cyberespaços e saudades virtuais.
Quem mais ria de mim a descobrir que afinal tudo o que quero é estar com estes dois homens, de uma Lisboa agora longe, sentados num bar londrino a falar de coisas sérias não tão sérias?

Não te renegas nem mais nem menos, nem agora nem depois. Não nunca para sempre.
Gostamos dos amigos assim, estranhos acomodados em nós.

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