3/27/2005
3/26/2005
so isso
estou cansada e cansada de quê... de ouvir de falar de ver.
de ver de falar de ouvir.
só queria que se percebessem os pormenores.
detalhes pequeninos que fazem as costuras invisiveis.
que constroem as vistas de quem fala do que ouve.
de que ouvimos falar mas ninguém viu.
penso que me julgo ceptica e nao acredito em ti agora.
de ver de falar de ouvir.
só queria que se percebessem os pormenores.
detalhes pequeninos que fazem as costuras invisiveis.
que constroem as vistas de quem fala do que ouve.
de que ouvimos falar mas ninguém viu.
penso que me julgo ceptica e nao acredito em ti agora.
3/24/2005
caixa de lixo.reposiçao
caixa de lixo de palavras de vozes de pessoas enfurecidas
caixa de raivas de desejos de quebrar com o quadrado
de pessoas encaixilhadas de suspiros entrelinhas
de coisas não coisas de alimentar mecânico de devoradores
de senhores reais e senhoras não tanto de uma peça de teatro
de danças estranhas de pés esponja de dedos anormais
amor de amor de amor bajulador
de verdades virtuais
ando com coisas na barriga.
caixa de raivas de desejos de quebrar com o quadrado
de pessoas encaixilhadas de suspiros entrelinhas
de coisas não coisas de alimentar mecânico de devoradores
de senhores reais e senhoras não tanto de uma peça de teatro
de danças estranhas de pés esponja de dedos anormais
amor de amor de amor bajulador
de verdades virtuais
ando com coisas na barriga.
3/23/2005
elsa oferece xaile a xana?
depois do telejornal almoçado.
PORQUÊ?!
assim digo, Manel, continua longe da caixa maldita.
este ano e o que vem e depois desse e depois e depois.
não vais encontrar coisas de alguma coisa.
só coisas de nada.
PORQUÊ?!
assim digo, Manel, continua longe da caixa maldita.
este ano e o que vem e depois desse e depois e depois.
não vais encontrar coisas de alguma coisa.
só coisas de nada.
habitudinário
quero juntar dois mundos que não coexistem.
sem tempo-espaço-racional-sensível paralelo.
hoje não me deixo dormir. estou contente não cómoda ainda.
e o sono só aparece nas alturas confortáveis.
entro em justa com esta vontade de hoje.
e tento de novo as abundâncias. habitué.
sem tempo-espaço-racional-sensível paralelo.
hoje não me deixo dormir. estou contente não cómoda ainda.
e o sono só aparece nas alturas confortáveis.
entro em justa com esta vontade de hoje.
e tento de novo as abundâncias. habitué.
3/21/2005
nuvensbaixas
as nuvens desceram para me abraçar quando cheguei.
fez frio e deitaram-nos cortinas à vista.
no caminho para casa uma conversa quente casual com o pai.
acho que o alcatrão ainda é preto mas de linhas amarelas novas.
as estradas mudaram, algumas, aqui na rede.
estou pronta para trabalhar e respirar limpo e beijar-nos.
dormir, se calhar dormir.
ja injectei tecido social na raiz do cabelo.
vou viver. e sentir saudades, agora do outro lado.
fez frio e deitaram-nos cortinas à vista.
no caminho para casa uma conversa quente casual com o pai.
acho que o alcatrão ainda é preto mas de linhas amarelas novas.
as estradas mudaram, algumas, aqui na rede.
estou pronta para trabalhar e respirar limpo e beijar-nos.
dormir, se calhar dormir.
ja injectei tecido social na raiz do cabelo.
vou viver. e sentir saudades, agora do outro lado.
3/18/2005
almost tomorrow.
quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quase quas equasp uaqes
agora vou-me deitar.
agora vou-me deitar.
3/17/2005
a cair
secaram-se-me as palavras. sim, as palavras e as letras. secaram-se.
e secaram-se como seca a boca da mulher da lavandaria, durante a noite.
tento puxá-las à força, devagar, com jeito e sem jeito.
não vêm. e não penso que venham. não hoje.
o meu corpo está tão cansado quanto a minha língua, os meus dedos e o meu cérebro.
estou morta. sim, morta. morta de ideias, de soluções.
não encontro respostas nas minhas obsessões compulsivas.
e quero andar em frente. mas não consigo.
não consigo encontrar as chaves, o papel e o sono que perdi.
não consigo organizar o meu caos que de repente é um abismo.
hoje estou morta.
hoje caí no meu abismo e ainda não parei. continuo a cair.
os meus olhos são pesados, os pés são moles e a fome imensa.
agora só quero as letras das palavras da boca que secou.
amanhã vou querer tudo.
e secaram-se como seca a boca da mulher da lavandaria, durante a noite.
tento puxá-las à força, devagar, com jeito e sem jeito.
não vêm. e não penso que venham. não hoje.
o meu corpo está tão cansado quanto a minha língua, os meus dedos e o meu cérebro.
estou morta. sim, morta. morta de ideias, de soluções.
não encontro respostas nas minhas obsessões compulsivas.
e quero andar em frente. mas não consigo.
não consigo encontrar as chaves, o papel e o sono que perdi.
não consigo organizar o meu caos que de repente é um abismo.
hoje estou morta.
hoje caí no meu abismo e ainda não parei. continuo a cair.
os meus olhos são pesados, os pés são moles e a fome imensa.
agora só quero as letras das palavras da boca que secou.
amanhã vou querer tudo.
bad new day
I can't find my keys
I've lost my sleep
I've lost my paper
I've lost my concentration
I can't find myself
No brain.
No solutions today.
I've lost my sleep
I've lost my paper
I've lost my concentration
I can't find myself
No brain.
No solutions today.
3/16/2005
3/15/2005
3/14/2005
sundaynight
Strange place with strange lights and strange people.
Dirty walls with dirty projections and dirty minds.
Mixed bodies with mixed tastes and mixed dancing.
Open words in open hands with open wishes.
Thirsty kisses between thirsty mouths and thirsty eyes.
Sweated muscles inside sweated clothes with sweat desires.
Bright colors over bright skins with bright moves.
A confused me.
On a strange late Sunday night.
Dirty walls with dirty projections and dirty minds.
Mixed bodies with mixed tastes and mixed dancing.
Open words in open hands with open wishes.
Thirsty kisses between thirsty mouths and thirsty eyes.
Sweated muscles inside sweated clothes with sweat desires.
Bright colors over bright skins with bright moves.
A confused me.
On a strange late Sunday night.
3/12/2005
aboutnow
what about writing... what about these people?
blue eyes, respectfull swearing.
what about having nothing to say but still insist?
black hair, short nails, dirty hands.
what about wishes? the ones i have all the time.
about ambition.
and my head hake.
what about me? and my self portraits.
narcisism, selfishness, wonderland.
what about thinking in english and dreaming in portuguese?
what about sleeping? what about me again?
selfishness.
what about drawing? and making up stories to tell you.
about this night nothing else to say. they've written that stupids are the ones who sleep.
what about stupidity? I keep waking up.
blue eyes, respectfull swearing.
what about having nothing to say but still insist?
black hair, short nails, dirty hands.
what about wishes? the ones i have all the time.
about ambition.
and my head hake.
what about me? and my self portraits.
narcisism, selfishness, wonderland.
what about thinking in english and dreaming in portuguese?
what about sleeping? what about me again?
selfishness.
what about drawing? and making up stories to tell you.
about this night nothing else to say. they've written that stupids are the ones who sleep.
what about stupidity? I keep waking up.
3/11/2005
3/09/2005
a historia do ze trovador
"o senhor está maldisposto
porque na barriga vai uma grande agitação
as pêras e os morangos brincam até mais não"
porque na barriga vai uma grande agitação
as pêras e os morangos brincam até mais não"
3/08/2005
3/07/2005
goodweekcoming
Everything's fine. My new sketchbook has wings already and I've started giving life to the flash project.
Still something's missing, just don't know what. And then, maybe I know.
Still something's missing, just don't know what. And then, maybe I know.
3/06/2005
storyteller3 - final paragraph
Demoraram a nascer as explorações, mas nasceram. E partiram do meu estômago. Posso agora dizer que o que resta é a empatia. A pena.
Saber que amo tudo o que envelhece e acaba por morrer. Olhar para a independência perdida de quem acaba só. E ter pena. E ter pena por ter pena.
Saber que amo tudo o que envelhece e acaba por morrer. Olhar para a independência perdida de quem acaba só. E ter pena. E ter pena por ter pena.
storyteller2
Facas, um medo de cortar esquisito. Era uma vez, outra vez, uma ameaça de morte. Olhos que viram facas apontadas e ameaças de desprazer.
Um avião que tinha sopa lá dentro e como não gostava de sopa disseram-lhe que eram pessoas de chocolate. E soube tão bem, como saberia sopa de chocolate.
Beijos, perguntar-se se quando as pessoas se amam dão beijos. E porque nunca viu isso. Procurar espreitar durante a noite os ruídos das portas, mas só conseguir sonhar com um cão ladrão. Cão ladrão de meninas assustadas. E escadas, escadas em caracol. Onde caía todas as noites, a rebolar até o fim. Onde lhe esperava a boca do cão.
Granizo, na casa cor de vinho. Pensar para sempre que branco transparente e cor de vinho combinam bem. Tudo absorvido. Na serra ser quente, mais abraços porque lá faz frio.
Socos no estômago, sem querer. Na estrada, gritos esmagados na velocidade dos carros. E vergonha, vergonha de também crescer assim. Desiquilibrado nos dois pés. Não poder contar a ninguém e chorar. Chorar tanto que se promete não chorar mais. Como vomitar, também como vomitar.
A carne nas brasas, sabor de pão e sangue. Amigos, e crescer a saber que sabem bem. Não se importar por ser mau porque amigos são de qualquer maneira. E alguns serão maus também. Ninguém discute isso, porque se amam e a quem se ama só se gritam coisas parvas. Não se chatear por pegar mal nos talheres. Abandonar a carne.
Das escadas ouviu-se tudo. As que que não são em caracol. A noite a dar à luz à lua num buraco no tecto. E do buraco partir-se a tela um dia e estar lá um menino. E uma menina a chorar tanto por pensar morrer. Até ser tudo um susto e aprender que nunca mais se está só. De um nascimento crescer uma maldição, amar até que a morte os separe. E além, além...
Um avião que tinha sopa lá dentro e como não gostava de sopa disseram-lhe que eram pessoas de chocolate. E soube tão bem, como saberia sopa de chocolate.
Beijos, perguntar-se se quando as pessoas se amam dão beijos. E porque nunca viu isso. Procurar espreitar durante a noite os ruídos das portas, mas só conseguir sonhar com um cão ladrão. Cão ladrão de meninas assustadas. E escadas, escadas em caracol. Onde caía todas as noites, a rebolar até o fim. Onde lhe esperava a boca do cão.
Granizo, na casa cor de vinho. Pensar para sempre que branco transparente e cor de vinho combinam bem. Tudo absorvido. Na serra ser quente, mais abraços porque lá faz frio.
Socos no estômago, sem querer. Na estrada, gritos esmagados na velocidade dos carros. E vergonha, vergonha de também crescer assim. Desiquilibrado nos dois pés. Não poder contar a ninguém e chorar. Chorar tanto que se promete não chorar mais. Como vomitar, também como vomitar.
A carne nas brasas, sabor de pão e sangue. Amigos, e crescer a saber que sabem bem. Não se importar por ser mau porque amigos são de qualquer maneira. E alguns serão maus também. Ninguém discute isso, porque se amam e a quem se ama só se gritam coisas parvas. Não se chatear por pegar mal nos talheres. Abandonar a carne.
Das escadas ouviu-se tudo. As que que não são em caracol. A noite a dar à luz à lua num buraco no tecto. E do buraco partir-se a tela um dia e estar lá um menino. E uma menina a chorar tanto por pensar morrer. Até ser tudo um susto e aprender que nunca mais se está só. De um nascimento crescer uma maldição, amar até que a morte os separe. E além, além...
3/05/2005
storyteller1
Era uma vez uma história. Uma história normal que se contava num dialecto próprio e um inventado. Um para quem de si gostasse, os loucos. Outro para quem nada interessasse, de palavras fáceis trocadas. Mas a história cresceu má. Ou cresceu esquisita. Ninguém diria.
Não sabia se inventara memórias ou se as tinha de verdade. Mentia tão compulsivamente que roubava palavras doutros. E não podia contar isso, de nada saber sobre crescer. Tudo era fruto nascido de um impulso caótico. A vontade incontrolável de agarrar independência. Ser completa, inteira em si. Ser capaz na falta de tudo e de nada provar-se só. E a história engoliu-se.
E a mesma história gostava de pintar, gostava de ilustrar o que contava. Desejava tantas coisas que não queria fazer escolhas, se erradas eram mesmo. Não havia mal, porém, escolher errado quando errado também era certo. E vivia de uma memória de peixe, a história caótica. Esqueceu-se do que queria ter sido e não era, do que queria ter dito e não disse, do que queria ter feito e fez mesmo. Engolida em si fez tudo o que queria. Quem a guardava nos braços queria que voasse, e ela voou. E de viver no ar perdeu-se. Em contradições perguntava se poderiam uma avestruz e um pinguim pesado casarem. E ninguém sabia.
Escapou-se a história, porque as coisas não são bem assim. Sabe-lhe mal a vida na difuldade de lidar com a terra e o ar. Dói-lhe onde nem tudo são heróis, onde nem tudo é doce de açucar. Depois, custou-lhe estar sempre no ar. Custou-lhe a desorganização, as raizes flutuantes de quem precisa sempre de água. E expirou-se. Vive com a alma trocada de quem cresceu dentro de si e tenta ser regular. Promete nunca mais roubar vidas e nunca mais se contar em ruas paralelas. E diz saber de pedir desculpa e saber de amar e saber de sentir coisas.
Diz ser uma história, a saber que mente.
Não sabia se inventara memórias ou se as tinha de verdade. Mentia tão compulsivamente que roubava palavras doutros. E não podia contar isso, de nada saber sobre crescer. Tudo era fruto nascido de um impulso caótico. A vontade incontrolável de agarrar independência. Ser completa, inteira em si. Ser capaz na falta de tudo e de nada provar-se só. E a história engoliu-se.
E a mesma história gostava de pintar, gostava de ilustrar o que contava. Desejava tantas coisas que não queria fazer escolhas, se erradas eram mesmo. Não havia mal, porém, escolher errado quando errado também era certo. E vivia de uma memória de peixe, a história caótica. Esqueceu-se do que queria ter sido e não era, do que queria ter dito e não disse, do que queria ter feito e fez mesmo. Engolida em si fez tudo o que queria. Quem a guardava nos braços queria que voasse, e ela voou. E de viver no ar perdeu-se. Em contradições perguntava se poderiam uma avestruz e um pinguim pesado casarem. E ninguém sabia.
Escapou-se a história, porque as coisas não são bem assim. Sabe-lhe mal a vida na difuldade de lidar com a terra e o ar. Dói-lhe onde nem tudo são heróis, onde nem tudo é doce de açucar. Depois, custou-lhe estar sempre no ar. Custou-lhe a desorganização, as raizes flutuantes de quem precisa sempre de água. E expirou-se. Vive com a alma trocada de quem cresceu dentro de si e tenta ser regular. Promete nunca mais roubar vidas e nunca mais se contar em ruas paralelas. E diz saber de pedir desculpa e saber de amar e saber de sentir coisas.
Diz ser uma história, a saber que mente.
sweetshop
Nigel called me sweetshop.
And Jorge called me too, in another way.
sweet sweets. happy day today :)
And Jorge called me too, in another way.
sweet sweets. happy day today :)
3/04/2005
q: when did the world stop being round?
a: when someone forgot to hear something else than himself.
q: is he much older than you?
a: just his body.
q: is there any active brain?
a: rare is the one that uses it.
q: when did you start being dislexic?
a: when a squared dot decided not to make an effort to read me.
q: is he much older than you?
a: just his body.
q: is there any active brain?
a: rare is the one that uses it.
q: when did you start being dislexic?
a: when a squared dot decided not to make an effort to read me.
3/03/2005
triste-chuva
Sinto uma vontade imensa de chorar. Não briguei, isso não acontece aqui. Aqui toda a gente pede desculpa e eu continuo agarrada à minha caixa de lápis.
Quero suspender-me. Ser triste para sempre num minuto. Quero deitar-me com esses segundos que me jogam pó aos pés.
Hoje choro por mil minutos indecisos, pendurados na fila de espera para o fim do dia.
Quero suspender-me. Ser triste para sempre num minuto. Quero deitar-me com esses segundos que me jogam pó aos pés.
Hoje choro por mil minutos indecisos, pendurados na fila de espera para o fim do dia.
3/02/2005
linha abaixo
Todos queremos crescer um bocadinho, penso que eu quero crescer um bocadinho. E quero que os outros cresçam comigo, sem se chatearem e sem me chatearem. Não gosto de brigas e quando tal fico com vontade de chorar. Sim, a única altura em que me posso ver chorar além de quando perco a minha caixa com lápis.
Sinto-me muito melhor a falar português.
Sinto-me muito melhor a falar português.
holes
Tu telefonas porque te sentes só. Queres saber de alguém que esteja tão aborrecido como tu e te ouça. Tu queres que alguém te atenda e pergunte como estás, onde estás e para onde vais. Tu não te queres sentir tão sozinho. Assim de repente, queres que te digam que tens uma bela voz e que falas tão bem como um apresentador de televisão. Queres que te admirem. Também queres admirar.
Queres ouvir uma voz aborrecida como a tua, pronta a dizer palavras articuladas, não calculadas, como as tuas. Só queres encontrar alguém despreocupado.
Queres que seja bonita, assim como tu pensas que é ser bonito. E queres que tenha uma voz de onde exalem os sons que reconheces. Queres comentá-los. Queres aprender coisas, mesmo aquelas que já sabes, mas gostas que te ensinem outra vez.
E pretendes perguntar de que é feita essa tal pessoa que te atende, pretendes imaginá-la e cuidá-la no teu infinito de solidão. Queres que ela sonhe contigo, depois de desligares.
Ficas perdido no não saber se o fazer de novo. Se te ligar de novo à voz que te atendeu. Assutaste-te, ela disse que te podia matar com uma colher no chá. Veneno no chá, foram as palavras que ela usou. E perguntas se será possível, poderia a voz tão aborrecida como a tua matar-te?
Gostaste do que falaram, tudo pareceu de verdade. E sonhaste com ela e ela sonhou contigo. Não se matam pessoas assim. Não as que sonham contigo.
Ligas de novo, queres saber de mais palavras, conhecer mais da voz. Queres imaginar mais. Ficaste com sede e dizes olá. Já lhe sabes o nome e ela já te sabe o teu. E riem, porque depois de sonharmos rimos sempre. As coisas inesperadas propositadas são sempre engraçadas.
Fingem de velhos amigos. Discutem política e religião, exaltas-te. Gostas tanto da tua opinião e agora ela quer ouvir-te. E sentes-te tão bem. Planeiam uma viagem imaginada juntos e falam da lua em dialectos desconhecidos. Decidem beber chá. Chá ou café. Pensas que café não é bom, vicia e dá mau hálito, mas ela gosta. No telefone não sentes cheiros. Também não vês a cor do cabelo dela. Querias saber como lhe são os dentes e a boca, quão grandes lhe couberam as mãos nos braços e como cruza as pernas sentada.
Prometes que lhe ligas. Ficas tanto tempo a falar que te envergonhas. Perdes a noção sem saber e o instinto toma conta. Procuras sexo. Sentes-te só. É só isso.
E pedes para desligar. E prometes, prometes outra vez tomar chá. Sem muito medo que ela te envenene. Sem muito medo que ela não cruze as pernas como imaginaste. Sem muito medo que ela fale ao mesmo tempo que tu. Só não sabes, e realmente não sabes, se ela ainda está só. Se ainda está aborrecida. Não soubeste como ela era. Ela não e disse porque pensaste que era envergonhada.
E decides dormir vários dias de seguida. Queres continuar a imaginá-la. Já não sentes tão de repente como o mundo ficou enorme e te deixou lá atrás. Tão só como te sentes.
Queres ouvir uma voz aborrecida como a tua, pronta a dizer palavras articuladas, não calculadas, como as tuas. Só queres encontrar alguém despreocupado.
Queres que seja bonita, assim como tu pensas que é ser bonito. E queres que tenha uma voz de onde exalem os sons que reconheces. Queres comentá-los. Queres aprender coisas, mesmo aquelas que já sabes, mas gostas que te ensinem outra vez.
E pretendes perguntar de que é feita essa tal pessoa que te atende, pretendes imaginá-la e cuidá-la no teu infinito de solidão. Queres que ela sonhe contigo, depois de desligares.
Ficas perdido no não saber se o fazer de novo. Se te ligar de novo à voz que te atendeu. Assutaste-te, ela disse que te podia matar com uma colher no chá. Veneno no chá, foram as palavras que ela usou. E perguntas se será possível, poderia a voz tão aborrecida como a tua matar-te?
Gostaste do que falaram, tudo pareceu de verdade. E sonhaste com ela e ela sonhou contigo. Não se matam pessoas assim. Não as que sonham contigo.
Ligas de novo, queres saber de mais palavras, conhecer mais da voz. Queres imaginar mais. Ficaste com sede e dizes olá. Já lhe sabes o nome e ela já te sabe o teu. E riem, porque depois de sonharmos rimos sempre. As coisas inesperadas propositadas são sempre engraçadas.
Fingem de velhos amigos. Discutem política e religião, exaltas-te. Gostas tanto da tua opinião e agora ela quer ouvir-te. E sentes-te tão bem. Planeiam uma viagem imaginada juntos e falam da lua em dialectos desconhecidos. Decidem beber chá. Chá ou café. Pensas que café não é bom, vicia e dá mau hálito, mas ela gosta. No telefone não sentes cheiros. Também não vês a cor do cabelo dela. Querias saber como lhe são os dentes e a boca, quão grandes lhe couberam as mãos nos braços e como cruza as pernas sentada.
Prometes que lhe ligas. Ficas tanto tempo a falar que te envergonhas. Perdes a noção sem saber e o instinto toma conta. Procuras sexo. Sentes-te só. É só isso.
E pedes para desligar. E prometes, prometes outra vez tomar chá. Sem muito medo que ela te envenene. Sem muito medo que ela não cruze as pernas como imaginaste. Sem muito medo que ela fale ao mesmo tempo que tu. Só não sabes, e realmente não sabes, se ela ainda está só. Se ainda está aborrecida. Não soubeste como ela era. Ela não e disse porque pensaste que era envergonhada.
E decides dormir vários dias de seguida. Queres continuar a imaginá-la. Já não sentes tão de repente como o mundo ficou enorme e te deixou lá atrás. Tão só como te sentes.
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