secaram-se-me as palavras. sim, as palavras e as letras. secaram-se.
e secaram-se como seca a boca da mulher da lavandaria, durante a noite.
tento puxá-las à força, devagar, com jeito e sem jeito.
não vêm. e não penso que venham. não hoje.
o meu corpo está tão cansado quanto a minha língua, os meus dedos e o meu cérebro.
estou morta. sim, morta. morta de ideias, de soluções.
não encontro respostas nas minhas obsessões compulsivas.
e quero andar em frente. mas não consigo.
não consigo encontrar as chaves, o papel e o sono que perdi.
não consigo organizar o meu caos que de repente é um abismo.
hoje estou morta.
hoje caí no meu abismo e ainda não parei. continuo a cair.
os meus olhos são pesados, os pés são moles e a fome imensa.
agora só quero as letras das palavras da boca que secou.
amanhã vou querer tudo.
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